3-1-20072018-minHá 61 anos no País, a Mercedes-Benz tem anunciado importantes investimentos, que reforçam o compromisso da empresa de continuar crescendo no Brasil e desenvolvendo soluções que contribuam para a sustentabilidade do mercado brasileiro de caminhões.

Até 2022, a montadora pretende investir R$ 2,4 bilhões na operação brasileira. Parte desses investimentos já vem se concretizando e pode ser conferida no lançamento de novos produtos, cada vez mais tecnológicos, em melhorias no atendimento, com a modernização da rede de concessionários e dos serviços, e no aprimoramento dos processos de produção.

Recentemente, a companhia apresentou uma nova linha na fábrica de São Bernardo do Campo/SP, uma operação totalmente inovadora e alicerçada nos princípios da Indústria 4.0., que consumiu investimentos de R$ 500 milhões e inaugurou uma nova forma de produzir caminhões no País.

Nesta entrevista exclusiva à Editora Na Boléia, Roberto Leoncini, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços para Caminhões e Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, comenta essa nova fase da empresa, como também faz uma análise do atual momento do mercado de veículos comerciais no País. Confira.

3-3-20072018-minEditora Na Boléia – Muito tem se falado sobre a retomada da economia e do segmento de caminhões. Qual a percepção da Mercedes-Benz nesse primeiro quadrimestre do ano?

Roberto Leoncini – De fato, o setor tem sinalizado uma recuperação, mesmo que ainda em níveis mais baixos do que o esperado, mas a retomada é real. Para se ter ideia, analisando-se o desempenho do segmento como um todo, de janeiro a abril de 2018, houve um crescimento de 61% em relação a igual período do ano passado, e só a Mercedes-Benz cresceu 51%. Quando avaliamos o segmento de veículos pesados, crescemos 107% nas vendas de extrapesados, o que nos deu a liderança de mercado nesse período.

Isso nos traz uma confiança muito grande de que a projeção de 30% de crescimento para o segmento de caminhões como um todo é factível e se concretizará.

Evidentemente, por vivermos em uma economia instável, existem variáveis que podem afetar os planos e mudar os rumos do País, como, por exemplo, a recente desvalorização da moeda argentina e a alta do dólar no Brasil. Mas estamos monitorando esses acontecimentos e analisando até que ponto esses movimentos poderão frear os investimentos de nossos clientes. Até o momento, estamos otimistas e não há nenhum aspecto estrutural que possa alterar nossos planos e estratégias para o País.

3-5-20072018-minA Mercedes-Benz inaugurou, em março, a nova linha de caminhões toda desenhada dentro dos pilares da Indústria 4.0. Um dos objetivos é trazer mais agilidade, flexibilidade e qualidade à produção. Quais têm sido, de fato, os ganhos até o momento para o cliente?

Temos ainda pouco tempo de operação da nova linha, mas já existem ganhos que podem ser percebidos pelo cliente. Com a produção conectada, tivemos uma redução de tempo na fabricação dos produtos de 15%. Além disso, em eficiência logística, esse ganho já chega a 20%. Isso sem falar dos benefícios no que tange à ergonomia e à segurança para os colaboradores.

Para se ter ideia, antigamente a produção de nossos veículos era realizada em vários prédios, que também tinham limitações para fabricação de alguns modelos.
Com as novas instalações, conseguimos reunir num só local a produção de todo o portfólio de caminhões. Isso traz otimização do tempo de fabricação e mais flexibilidade para atender demandas específicas de nossos clientes. Além disso, aumentamos também nossa capacidade produtiva.

Para o cliente, esses ganhos representam menor tempo de entrega e maior capacidade para oferecer respostas rápidas e de qualidade às necessidades do mercado. No momento, estamos aprimorando as operações e transferindo os portfólios para a nova fábrica, que deve estar operando 100% em alguns meses.

Estamos implementando modificações logísticas, que irão nos trazer ainda mais velocidade, agilidade, eficiência e produtividade, o que, certamente, beneficiará os clientes.

3-2-20072018-minA Mercedes-Benz também vem registrando um bom desempenho em exportações. Como estão os números hoje e de que forma essa nova linha contribuirá para alavancar as exportações?

A Mercedes-Benz tem um bom histórico em exportações. Neste ano, no primeiro quadrimestre, crescemos 26% em relação ao mesmo período do ano passado. Exportamos nos quatro primeiros meses 2.972 veículos. Nosso maior mercado é a Argentina, onde somos líderes em caminhões e ônibus. Também temos avançado no Chile, Peru, Colômbia e em toda América latina.

Além disso, temos olhado para outros mercados, onde ainda não contamos com uma atuação consolidada, como a África e o Oriente Médio. Temos produtos que vão ao encontro das necessidades dos clientes dessas regiões, como o Accelo e o Atego, que rodam em situações no Brasil semelhantes às de alguns países da África e do Oriente. A dificuldade que temos para entrar nesses mercados é a concorrência de produtos asiáticos, que apresentam preços muito diferentes do que os que praticamos. Mas, em contrapartida, temos a força e a tradição de nossa marca, sem contar a robustez, qualidade e tecnologia de nossos veículos, reconhecidos em todo o mundo.

Para conquistar o cliente dessa região, temos investindo fortemente em estrutura e em pessoas, bem como em ações para divulgação de nossos produtos.
Como parte dessa estratégia, assim como ocorreu há dois anos, estaremos novamente presentes na edição 2018 do IAA, em Hannover, na Alemanha, para mostrar ao mundo os produtos produzidos aqui, em São Bernardo do Campo/SP – uma fábrica que está entre as mais modernas do Grupo Daimler –, que podem ser utilizados em diversas aplicações e atender às necessidades de clientes de outros países.

Com a nova linha, a Mercedes-Benz estuda o lançamento de novos produtos para os próximos meses para o mercado brasileiro?

A empresa já apresentou na última Fenatran, em outubro do ano passado, os principais lançamentos para 2018, como o novo Axor com túnel do motor rebaixado; o Accelo com cabina estendida e câmbio automatizado inteligente; o Atego 3030 com o quarto eixo, todos produzidos no Brasil, entre outras novidades.

Mas a Mercedes-Benz está sempre atenta às necessidades dos clientes. Dentro do nosso mantra “As estradas falam. A Mercedes-Benz ouve”, estamos preparados para entregar soluções customizadas aos clientes.

Temos em SBC, nosso Centro de Customização para Clientes (CTT), área criada pela companhia para atendimento a pedidos especiais das empresas de transporte. O local abriga toda estrutura necessária para transformar rapidamente em realidade às solicitações dos clientes.

3-4-20072018-minUm exemplo dessa capacidade da Mercedes-Benz foi o lançamento do novo Axor 3344 8×4, na Expoforest – Feira Florestal Brasileira, realizada em abril, no interior de São Paulo. Trata-se de um produto configurado exclusivamente para atender a uma aplicação específica da Breda Logística. O cliente solicitou à empresa um caminhão que oferecesse maior capacidade de carga no transporte de eucaliptos do campo à indústria.

Para desenvolver uma alternativa para a Breda, partimos de um modelo original do Axor, que é um caminhão 6×4, e instalamos um segundo eixo dianteiro direcional, mudando a composição dele, que se transformou em um caminhão tipo “Romeu e Julieta” – com semirreboque de três eixos.

Essa modificação, além de atender à solicitação por maior capacidade de carga, não impactou o consumo de combustível.
Hoje, a Breda tem mais agilidade nas operações de carga e descarga, já que desenvolvemos uma solução que consegue adentrar nas florestas e matas para ser carregada diretamente.

Esse é apenas um exemplo do que nosso CTT está capacitado para fazer. Já estamos trabalhando em novos projetos, como soluções para transporte de valor incorporado a caminhões e outros desenvolvimentos pontuais, que entregaremos aos clientes.

A Mercedes-Benz lançou, recentemente, na Agrishow, o Serviço Dedicado Conectado. Quais as diferenças desse produto em relação aos planos de manutenção já oferecidos pela empresa?

Trata-se de uma nova modalidade que une serviços e tecnologia para oferecer uma solução diferenciada aos transportadores, englobando Planos de Manutenção, sistema de gestão de frota Fleetboard e Oficina Dedicada nas instalações das próprias empresas.

O objetivo é garantir maior disponibilidade dos veículos para o trabalho, gerando resultados e rentabilidade para o cliente.
O fato é que a partir do momento em que monitoramos o caminhão 100% do tempo, ganhamos agilidade para identificar falhas, evitar paradas e garantir maior disponibilidade do veículo.

Com o Serviço Dedicado Conectado, o cliente pode diminuir em até 17% o custo total de manutenção dos caminhões e obter até 10% de redução no consumo de combustível. Além disso, o veículo somente fica parado o tempo necessário para a manutenção.

Cada vez mais, os caminhões estão mais tecnológicos, agregando atributos que trazem inúmeras facilidades para os transportadores e motoristas. Porém, uma das queixas mais recorrentes das empresas de transporte é a falta de mão de obra qualificada para conduzir esses veículos. A Mercedes–Benz, assim como outras montadoras, mantém programas de treinamento de motoristas. Até que ponto esses programas e iniciativas conseguem suprir essa carência e necessidades dos transportadores?

A obrigação da montadora é ajudar no treinamento de motoristas, seja por iniciativa própria ou por meio da rede de concessionários. A rede de concessionários da Mercedes-Benz tem investido nessa área. Temos, hoje, cinco centros de treinamentos no Brasil, sendo o de Campinas/SP o maior deles, onde também são treinados motoristas.

Também mantemos parcerias com o Sest Senat e Fabet, que oferecem programas de formação e treinamento de motoristas.
Na verdade, estamos sempre tentando identificar possibilidades, desenvolvendo ações que ajudem os clientes na qualificação de seus motoristas e apoiando iniciativas que consideramos positivas nessa área. Mas este é um trabalho árduo.

Na verdade, tudo começa pela conscientização dos empresários. Existem empresas que sabem da importância e dos ganhos de se investir em treinamentos e não se importam de enviar seus motoristas para receberem novos ensinamentos a respeito dos veículos que conduzem.

Até porque cada caminhão tem uma tecnologia diferente, uma condução específica, o que precisa ser bem conhecido pelo motorista para que a empresa tenha melhores resultados e mais rentabilidade.

O motorista é um dos pilares para a redução de custos operacionais. Portanto, precisamos conscientizar cada vez mais o transportador quanto à importância do treinamento para esses profissionais.

Como estão os investimentos da empresa na rede de concessionários? O que a Mercedes-Benz está trazendo de novo para a rede?

O que a Mercedes-Benz está fazendo é a realocação de algumas unidades da rede de concessionários. Com o crescimento dos grandes centros urbanos, muitas lojas ficaram fora do eixo das principais rotas. Daí, tivemos de realocar fisicamente algumas delas. O próximo investimento será na unidade de Cuiabá/MT, que mudará sua estrutura para mais perto da rodovia.

Também estamos adequando as fachadas das lojas para o novo conceito, que chamamos de New 3-D Brand – Black, um novo design com detalhes pretos e iluminação da estrela com efeito 3D, que traduz o atual momento da marca.

Como parte dessa modernização da rede, que conta hoje com 175 unidades, também temos investido na digitalização dos processos, o que está alinhado ao que já acontece na fábrica.

Muito mais do que expandir com a abertura de novas lojas, queremos aprimorar nossas operações remotas e nos manter cada vez mais próximos dos clientes, principalmente em segmentos como cana de açúcar, madeira e mineração.

A compra de usados também é, cada vez mais, um negócio consolidado no País e que vem crescendo. Como está a atuação da empresa neste segmento?

Hoje, o segmento de usados e seminovos é um negócio importante para a marca, que ajuda a alavancar também a compra de novos. Para se ter ideia, em 2017, o mercado comercializou 55 mil caminhões novos, mas o setor de usados movimentou 310 mil caminhões.

Para atuar nesse segmento, a Mercedes-Benz tem suas lojas próprias Select Trucks, que vai ao encontro de nosso compromisso de oferecer uma solução para os clientes, que buscam alternativas mais vantajosas para trocar ou adquirir um veículo novo.

Atualmente, temos cinco lojas Select Trucks espalhadas pelo Brasil, das quais três estão dentro de concessionárias, visando atender clientes de todo o Brasil. Até porque cada região tem suas particularidades e exigências diferentes, sem contar que devido às dimensões do País, precisamos estar em todas as localidades para que a logística de entrega e recebimento seja otimizada.

Temos planos de expansão para a rede Select Trucks. No momento, estamos estudando a abertura de uma nova loja no Nordeste. Posteriormente, devemos investir no Sul. Já temos uma unidade em Curitiba/PR, mas queremos reforçar nossa participação nessa região.

A Mercedes-Benz tem muito interesse nesse mercado. Para se ter ideia, fazemos, em média, de 80 a 100 avaliações por dia. O número de acessos em nosso site também é crescente. Tanto que estamos aprimorando esse canal, a fim de ganharmos mais velocidade no atendimento aos clientes.

Para finalizarmos, qual sua visão de futuro para o segmento de transporte rodoviário de cargas no Brasil?

É evidente a necessidade de fazermos a renovação da frota. Quando falamos de Custo Brasil, temos de lembrar que mais de 70% de tudo que roda no País circula sobre rodas. A falta de infraestrutura do Brasil, que se traduz em estradas em péssimas condições, salvo algumas exceções, é um dos fatores que pressionam esse custo para o alto.

Acredito que a melhoria virá com os investimentos em infraestrutura e na renovação da frota. Mas isso só vai acontecer quando o Governo tiver condições de investir e solucionar o famigerado déficit fiscal. Mas isso também depende das reformas, que ainda não aconteceram.

Na verdade, para revertermos esse ciclo vicioso, temos de votar bem nas próximas eleições, pois se não escolhermos com critério, daqui a quatro ou cinco anos, estaremos vivendo a mesma situação e pagando um preço alto por essas escolhas.

A Mercedes-Benz está há 61 anos no Brasil e pretende permanecer por mais tempo por aqui. A posição da companhia é clara: queremos contribuir no que for possível para que o País solucione seus problemas e prospere.

Nosso compromisso continuará sendo com o sucesso do cliente, desenvolvendo soluções para surpreendê-los e torná-los cada vez mais rentáveis.

Por: Redação Na Boléia

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